Milão

A despeito das críticas de Dom Gordini, sapientíssimo expert em culinária italiana, que considera o sabor dos pratos do Restaurante e Pizzaria Milão (Av. São Paulo, 453, (44) 3226-2929) "levemente adocicados", a verdade é que o lugar é uma das melhores opções de buffet self service do almoço maringaense. Aliás, ainda discutiremos o gosto duvidoso desse prócer, sobretudo no que respeita ao almoço do La Gôndola.



Em resumo, o que torna o Milão tão bom é uma soma de fatores interessantes.

O ambiente, desde a fachada até o confortável jardim coberto ao fundo é muito bonito e aconchegante (cf. blog da arquiteta responsável, a quem devo os créditos da foto deste post). O fato de estar em um local aberto, ajuda a amenizar o barulho infernal de pratos, garfos, facas e copos batendo, habitualmente existente em restaurantes do gênero.

A variedade de saladas é surpreendente. E há muitas saladas exóticas, tal como a salada árabe, abundantemente temperada com za'atar e folhas inteiras de hortelã e salsa, não encontráveis em outros buffets da cidade. Os pratos quentes também são variadíssimos e, em geral, muito bem executados.

Outro diferencial é a apresentação dos quitutes, sempre caprichada e convidativa ao paladar.

Entretanto, há um defeito grave. O sistema peculiar (e, digamos, burro) que eles usam para anotar as bebidas dos frequentadores. É assim: você se serve no buffet e, ao pesar o prato, a atendente questiona a bebida que você vai pedir. Ela anota o pedido vinculado ao número de sua comanda (cartão) e questiona se você vai se sentar do lado de dentro, ou de fora do restaurante. E pronto.

Sucede que os garçons, para entregar a bebida solicitada, ficam reféns de uma ridícula "procura pelo número de comanda perdido", ou seja, ficam vagando sem rumo por entre as mesas, olhando o número de cada comanda, até achar o bendito dono do suco sobre a sua bandeja! Ora, é de matar! Em dias mais cheios, e nas horas de pico, você nem chega a receber a bebida, porque ela ficou perdida em alguma bandeja com algum garçom-explorador que não encontrou o seu pequeno número de comanda! Como hoje, em que algumas das bebidas que pedíramos não chegaram até o fim da refeição, e tiveram que ser estornadas da conta no momento do pagamento.

E essa sistemática está sendo usada pelo Milão há tempos... Tomara que mudem, pois esse tipo de defeito de atendimento é imperdoável.

Especificamente nesta nossa última visita, houve virtudes e defeitos:

  • O enroladinho de mussarela e presunto recheado com rúcula e tomate seco estava ótimo. Idéia simples, ingredientes comuns, mas que, executada com requinte, tornou-se um prato bem interessante;
  • Pirão de peixe é um dos meus pratos prediletos. Por isso, experimento todos os que vejo pela frente, e posso atestar que o pirão do Milão é ótimo. A consistência é correta (nem muito líquido, nem muito pegajoso), o sabor característico (coentro e leve ardor de pimenta), com o diferencial do toque de pimentões vermelhos e pequenos camarões descascados. Experimentem!
  • A costela de boi assada costuma ser imperdível. Desta vez, erraram no sal. Embora estivesse macia e suculenta como de costume, ela estava praticamente "incomível" em razão do exagero de sal.
  • Numa visita anterior, eu provara a moqueca. E estava deliciosa. Desta vez, o peixe escolhido deixou a desejar. O cação é um peixe difícil. Alguns filés acabam ficando com aroma de amônia (não era o caso deste), e outros apresentam uma consistência muito rígida e áspera, como o usado na moqueca que experimentei nesta visita ao Milão. É verdade que já comi moquecas deliciosas com cação, mas a aspereza e a rigidez do peixe desta vez foi decepcionante, muito embora o tempero estivesse muito bom.

 
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